Desde os anos 1960, os Jetsons aguçam nossa imaginação futurista e nos fazem indagar, por meio da Rosie – empregada robô e mandona – se os computadores, um dia, dominariam a humanidade. Como programador, sempre afirmei que não, mas sim que os robôs sempre seguiriam as instruções pré-definidas, e que jamais poderiam aprender ou tomar decisões não previstas por seus programadores. Fazia todo sentido antes da era dos computadores “que aprendem”, ou seja, da era da computação cognitiva.
O que é Computação Cognitiva?
Cognição é o processo, até então da mente humana, de aprender ou adquirir conhecimento a partir de informações captadas pelos sentidos. Antes deste conceito ser aplicado à tecnologia da informação, os computadores eram programados com uma série de comandos, seguindo uma determinada ordem e condições de acordo com situações previstas. Em termos gerais, um amontoado de “faça isso, se acontecer aquilo”. Por exemplo: se o usuário clicar o ícone azul, abra o editor de textos; se clicar no verde, a planilha de cálculo. Qualquer coisa diferente disso, como clicar em ambos ao mesmo tempo, mostre uma mensagem dizendo “Erro inesperado”.
A computação cognitiva rompe com esse conceito limitado e leva o computador a um patamar possível apenas aos seres providos de cérebro: aprender e utilizar o conhecimento. Um bebê aprende o nome dos objetos por ouvir sua mãe dizer dezenas de vezes, e então ter a confirmação dela sobre seu acerto ou erro. Já ouvimos tantas vezes que Manaus é uma cidade que aprendemos e usamos esse conhecimento sem pensar. Já se São Paulo é cidade, estado ou um santo, dependendo da situação teremos mais ou menos certeza.
Como nós, os computadores aprendem por repetição, ensinados por meio do teclado, microfone, câmera e internet. Com a inteligência artificial, os computadores reconhecem não só nossa a voz, mas também a nossa linguagem natural, em diversos idiomas. Reconhecem imagens, sons, músicas, textos complexos e até entonação de voz.
O que era tema de um futuro tão distante se tornou realidade no presente: um grande banco no Brasil já está substituindo atendentes da central de relacionamento por sistemas cognitivos que entendem a dúvida do cliente, respondem a dúvidas e executam operações. Segundo estudo do Gartner, o gasto mundial com TI no ano passado foi de US$ 7,7 trilhões e o setor bancário, um dos que mais apostam na computação cognitiva, foi responsável por 13% destes investimentos. Mas, a tendência não se limita ao segmento: médicos enviam fotos de lesões para apoiar diagnósticos, aplicativos de táxi preveem zonas da cidade com maior demanda ou a melhor rota considerando coisas que ainda podem acontecer ao longo da viagem. Um site de cosméticos identifica o rótulo de um frasco vazio e adiciona o produto no seu carrinho.
Muito em breve, a sua velha geladeira, que gela e olhe lá, será substituída por uma que aprende seus hábitos, conhece suas marcas preferidas no verão e no inverno, sabe o quanto falta de cada produto, pesquisa o melhor preço e faz compras pela internet. Outro estudo do Gartner estima que até 2020, 50 bilhões de dispositivos estarão conectados à internet, abrindo espaço para diversos segmentos e áreas de inovação. Os automóveis conectados, por exemplo, devem atingir um número de 250 milhões no mundo até 2020.
Quais os impactos da computação cognitiva nos negócios?
O que a computação cognitiva vai fazer com a previsão do tempo, o mercado financeiro e com tantas coisas que nem o cérebro humano foi capaz de imaginar, veremos com o tempo. Mas o que você pode fazer com esse tipo de tecnologia pode ser seu diferencial competitivo, ou mais do que isso: sua oportunidade de revolucionar o seu mercado de atuação. Ao aliar a tecnologia às necessidades do cotidiano das empresas e das pessoas, é possível criar novas tendências e fazer da inovação o grande agente propulsor dos negócios. As oportunidades são inúmeras!
Ao invés de ficar temendo a invasão das máquinas e um mundo bizarro onde será escravizado por robôs, mantenha-se atualizado e avalie como a computação cognitiva pode impactar positivamente o seu negócio, ao invés de esperar que o concorrente o faça. Afinal de contas, você não quer ficar obsoleto e resmungão como a Rosie.
Por Daniel Oliveira – CTO da Inove