Sem dúvida o desafio de gerir um negócio é grande, mas apostar em mudanças internas é um obstáculo maior ainda, pois exige maturidade e cultura organizacional
Atualmente, um dos principais desafios enfrentados pelos CFOs é apoiar a organização e estruturar o seu crescimento, sem perder de vista as exigências fiscais, legais e de normas internacionais de contabilidade. Mas, para manter o foco no negócio é necessário muita flexibilidade e dinamismo. Por outro lado, algumas normas exigem exatamente o oposto: rigidez e controles. Este é um dilema que paralisa as iniciativas, e, a tendência natural é focar em apenas uma das demandas e isso pode ser um problema.
É fundamental dar atenção às exigências fiscais pelo seu caráter punitivo. As normas regulatórias internacionais são relevantes para empresas que precisam reportar seus resultados a outros países. Para a obtenção de crédito em um banco, também são necessárias as demonstrações financeiras auditadas, que necessitam estar de acordo com normas regulatórias como a IFRS (International Financial Reporting Standards).
Essas e outras situações reforçam a necessidade da atenção às questões relacionadas ao fisco, por isso, de fato o tema está na lista dos principais dilemas enfrentados pelos CFOs.
Mas por onde começar para melhorar esse cenário? Quais são os fatores de sucesso para conseguir crescer, manter a operação, o negócio e ao mesmo tempo atender as normas para colher os frutos de estar “compliance”?
O investimento em tecnologia pode ser a melhor resposta.
A inove, integradora de tecnologia da qual sou um dos sócios e onde também atuo como diretor financeiro passou por essa experiência desde seu início, lá em 2007. Criou novos negócios, fez aquisições, joint venture e até Split de duas operações. Tudo isso em apenas sete anos de existência.
Neste caso, a tecnologia foi fundamental e fez a diferença. Para começar, com administração do seu rápido crescimento. A empresa faturava 400 mil reais, em 2007, e registrou em 2013 faturamento de mais de 30 milhões de reais. Tão logo já estava entre as empresas que mais crescem no Brasil, segundo pesquisa da Deloitte.
Não basta apenas investir em tecnologia, é preciso contar com um planejamento e estratégia de longo prazo. No caso da inove, as ações estratégicas incluíram a internalização da contabilidade, antes terceirizada, como também a segregação das equipes que cuidassem do gerencial e do fiscal. A tecnologia apoiou quando da adoção do módulo de contabilidade de custos, pertencente à ferramenta de gestão ERP.
Este módulo permitiu segregar as necessidades e as demandas fiscais, permitindo assim analisar as informações e focar no negócio independente do CNPJ, pois as informações das empresas foram consolidadas em uma base para análise, fazendo compartilhamento de custos e por visões financeiras: região, vendedor, produto, time, unidade de negócio.
Neste cenário o CNPJ perde a relevância para as análises, porque o módulo trata as informações fiscais e gerencias de maneira separada. Esta estratégia nos permitiu manter o foco em ações que são naturalmente antagônicas. Um grande impasse, hoje, superado.
Uma preocupação é trabalhar a adoção das tecnologias com as equipes envolvidas no processo e as áreas de negócio. Para isso, mantivemos a familiaridade nos processos em relação ao modelo tradicional, pois não seria possível nos apoiarmos na inovação tecnológica, sem oferecer facilidades aos usuários. Isso interferiria na produtividade. Para exemplificar, o Excel foi mantido como base para fazer orçamentos. Sim a famosa planilha do pacote Office. Mas, em paralelo, carregamos todos os dados no Dynamics AX. Por fim, conseguimos garantir dinamismo à empresa, sem impactar negativamente na rotina dos colaboradores.
Sem dúvida o desafio de gerir um negócio é grande, mas apostar em mudanças internas é um obstáculo maior ainda, pois exige maturidade e cultura organizacional. Os desafios existirão, mas as empresas que apostam na sua evolução e que esperam por facilidades estarão, em primeiro lugar, em conformidade com a Lei e com as melhores práticas internacionais de contabilidade e governança, ganhando produtividade, e consequentemente, competitividade para se manterem no mercado.
Portanto, é possível dizer que o uso intensivo da tecnologia mudou a rotina da inove e contribuiu e muito para o seu atual sucesso. Antes de vender tecnologia, passamos a vivenciá-la em todas as formas.
Com o andar frenético do mundo dos negócios, as oportunidades aparecem e desaparecem com muita rapidez, por isso, não poderíamos estar despreparados, desestruturados. Nosso negócio cresceu e tornou-se rentável e a tecnologia fez parte disso, pois garantiu o dinamismo e demandas dos negócios, facilitou na gestão de pessoas e de performance, ou seja, no monitoramento de desempenho das áreas estratégicas da empresa.
Esses pontos são cruciais para o sucesso de qualquer empresa e a tecnologia pode sim facilitar a vida dos líderes e liderados, em especial, dos CFOs.
*César Palmieri é sócio-Diretor Financeiro e de Recursos Humanos da inove